B4F
boletim informativoEDITORIAL
O atraso na publicação do primeiro número do ano fica a dever-se a um significativo aumento de trabalho administrativo que sempre acontece nestes inícios de épocas desportivas. Para além do encerramento das contas de 2021, o processo de licenciamento de praticantes e a gestão corrente tem tornado difícil manter o “ritmo”. Mas cá estamos com a mesma gana e a mesma determinação em contribuir para a sobrevivência do movimento associativo que, à conta da pandemia e não só, atravessa uma situação muito complicada.
2022 é ano de Campeonato do Mundo e da Europa. No primeiro Portugal estará representado na prova de equipas mistas, graças ao brilhante apuramento da nossa Selecção, a quem aproveitamos para desejar as maiores felicidades desportivas. Entretanto também a Selecção feminina pode vir a estar presente, por ter sido repescada. Assim seja possível conseguir o financiamento para garantir esta participação.
Quanto aos Campeonatos da Europa e após muita incerteza, está confirmada a Madeira como anfitriã da prova. A todos os que tornaram possível este desfecho o nosso agradecimento e a certeza que será um enorme sucesso e mais uma demonstração de que o que nos falta em dimensão sobra-nos em determinação e em talento.
O bridge na sua componente desportiva precisa urgentemente de encontrar respostas novas para novos problemas. A pandemia e estes dois longos anos de restrições profundas nas nossas vidas veio criar enormes desafios à modalidade. O regresso à normalidade está à porta, mas esta será uma normalidade muito diferente para a qual terão de se encontrar novas soluções. Dificilmente voltaremos a ser o que éramos pelo que esta é uma oportunidade para tentarmos ser melhores.
Os modelos desportivos que já antes da pandemia careciam de uma nova visão, estão agora definitivamente ultrapassados. Os circuitos competitivos precisam de ser redefinidos e não é com posições extremadas que chegaremos a bom porto. A discussão da moda tem-se circunscrito ao debate entre bridge presencial e bridge online. Para uns o bridge online é o demónio, para outros a única solução. Como sempre acontece, este tipo de abordagem coloca-nos do lado do problema em vez de nos conduzir à solução.
Mais do que persistir em discussões epidérmicas, é tempo de analisar os dados, identificar os problemas, elencar as diferentes ferramentas que temos à disposição e encontrar soluções que minimizem os riscos de erosão de clubes e praticantes e que sejam eficazes na captação de novos praticantes. Não há soluções fáceis para problemas tão complicados como os que vivemos. Mas ou há vontade política para uma discussão séria e que envolva todos os órgãos institucionais, FPB, AR’s e Clubes, ou continuaremos a pregar no deserto, lugar em que todos falam e ninguém se ouve.
A modalidade dispensa tanto os profetas da desgraça como os donos da sabedoria. Os primeiros resignam-se perante o enorme desafio que temos pela frente, os segundos entendem que podem sobreviver numa qualquer galáxia, quanto mais longe melhor dos que “não sabem contar até treze”. Ambos são dispensáveis. O bridge, como qualquer movimento associativo, alimenta-se na diversidade dos seus praticantes e associados. Para isso a competição tem de estar voltada para as diferentes realidades e de encontrar soluções desportivas que sejam inclusivas (sei bem que esta ideia provoca comichão a muita gente, mas não será isso que me fará desistir de a defender). Inclusiva, sim! Porque essa é a principal característica deste fantástico jogo: Incluir, incluir, incluir é o único caminho para a sobrevivência. Incluir independentemente do estatuto social (seja lá isso o que for), da idade, do sexo, da cor da pele, dos credos, das qualidades técnicas de cada um. INCLUIR!
É hora de tocar a reunir. É hora de exigirmos mais diálogo e menos confrontações de egos e de verdades absolutas. É hora do movimento associativo cumprir o seu dever. Bridge é comunicação, é encontro de ideias e de projectos. É ou tem de ser um espaço de liberdade e de equidade. Não somos todos iguais (felizmente), mas todos temos de cumprir os mesmos deveres e usufruir dos mesmos direitos. As Leis e os Regulamentos mudam porque mudam as circunstâncias que lhes deram origem. Mas as alterações são para serem discutidas por todos e aprovadas pela maioria. Chama-se Democracia!
Luis Oliveira
BREVES
No Torneio de Abertura, primeira prova oficial da época, regista-se a vitória do nosso sócio José Moraes em parceria com Pedro Morbey. A decorrer está o Campeonato de Equipas da ARBL e o Campeonato Nacional de Pares Seniores. Pelo caminho destaca-se a vitória da formação capitaneada por Jorge Cruzeiro no Torneio de Selecção de Equipas Seniores com vista aos próximos Campeonatos da Europa. Registe-se ainda a fraca adesão do Campeonato de Pares por IMP’s da ARBL, com apenas 16 pares participantes. Quanto tempo mais teremos de esperar para abrir uma discussão séria sobre política e regulamentação desportiva?
O CANTINHO DA TÉCNICA (parte 1)
No número anterior propusemos uma recolha de opiniões sobre casos específicos de marcação. Infelizmente a iniciativa não recolheu o interesse dos nossos leitores. Aqui ficam, no entanto, as opiniões do painel de especialistas constituído por: Paul Chemla; Sandra Rimsteadt; Mikael Rimsteadt e Zia Mahmood
Em todas as mãos está em Sul
MÃO 1 NORTE ESTE SUL OESTE
♠ RD108 1ST P
♥ R3 4♦ * Dbl ?
♦ 984 * Bicolor rico
♣ ARV5
R: Como é habitual nestes painéis as opiniões entre o Passe e 4♠ (50% para cada lado). Mesmo sendo 4♦ uma voz que mostra um bicolor rico sem interesse em cheleme, o abridor tem um monstro. Qualquer coisa como AVxxx Axxxx x xx é suficiente para 12 vazas. Então a questão está em saber o que é mais construtivo: o Passe ou 4♠? Pessoalmente sou adepto do Passe deixar em aberto a hipótese de cheleme.
MÃO 2 NORTE ESTE SUL OESTE
♠ AR86542 1♣ ?
♥ –
♦ RD1074
♣ A
R: Neste caso a opinião dos painelistas é unânime: 1♠! Da simples partida ao grande cheleme tudo é possível pelo que, com tanto para dizer, é necessário não perder tempo.
MÃO 3 NORTE ESTE SUL OESTE
♠ – 1♠ 2♥ ?
♥ 3
♦ A107542
♣ RV7642
R: O painel voltou a dividir-se, mas a marcação de 3♦ foi a preferida (e é também a minha). Sempre que tenho uma voz natural sigo o lema “Keep it simple”. Os dobres negativos com 5-5 ou superior levantam sempre mais problemas que soluções. Aa opiniões dividiram-se entre 3♦, 4ST (menores) e Passe (waiting)
MÃO 4 NORTE ESTE SUL OESTE
♠ 65 1♦ 1♥ ?
♥ 87
♦ RD972
♣ RD83
R: O painel votou de forma unânime em 2♥. O cuebid mostra um bom apoio a oiros com, pelo menos, força de convite.
O CANTINHO DA TÉCNICA (parte 2)
Para este número decidimos revisitar um velho amigo: o Splinter.
As virtudes da convenção são bem conhecidas: mostra um bom fit com cartas excedentes de apoio, valores de partida e força de corte no naipe anunciado. A única desvantagem tem a ver com o consumo de espaço que inviabiliza acções intermédias de pesquisa de eventuais chelemes.
Para minimizar o efeito negativo referido resolvemos adoptar uma solução que divide o Splinter em duas zonas de força distintas: 9-11 e 12-14 (acima destes valores o Splinter é inapropriado). Vamos então ver como funciona:
Mãos de 9-11 pontos
Abertura em 1♥
3ST – Singleton em ♠
4♣♦ – Singleton ♣♦
Abertura em 1♠
4♣♦♥ – Singleton ♣♦♥
Mãos de 12-14 pontos
Abertura em 1♥
3♠ – singleton indeterminado. O abridor, se interessado, pergunta em 3ST e o respondente mostra o naipe do singleton.
Abertura em 1♠
3ST – singleton indeterminado. O abridor pergunta em 4♣ e o abridor, se interessado, marca o naipe do singleton, sendo que 4♠ é singleton a paus.
0 Comments