A técnica da passagem
Vimos
anteriormente que as honras garantem vazas desde que sejam cartas
mestres, isto é, desde que o campo adversário não
possua, em cada momento, uma carta mais alta para realizar a
vaza. Da mesma forma, é possível realizar vazas
com cartas apuradas. A estas técnicas vamos agora juntar
uma outra: a técnica da passagem.
ªR2 |
Será possível
realizar uma vaza no naipe?
Jogando o naipe a partir de Norte, a defesa estará em
condições de realizar 2 vazas no naipe.
Jogando o naipe a partir de Sul, o Rei realizará vaza
sempre que o Ás esteja no defensor à esquerda.
Se este jogar o Ás de imediato, Norte assiste com uma
pequena carta e o Rei passa a ser uma carta mestre. Se jogar
pequena, o Rei está em condições de fazer
a vaza, uma vez que o outro defensor não possui carta
mais alta. |
¨ |
ª75 |
Ao
contrário das vazas realizadas com cartas mestres, esta
técnica constitui um processo aleatório, cujo sucesso
depende da colocação de determinada carta na mão
de um determinado defensor. No nosso exemplo, podendo o Ás
estar na posse de qualquer um dos dois defensores, a técnica
tem 50% de possibilidades de sucesso.
ªAD |
Quantas vazas pode
o campo realizar no naipe?
Existe agora uma carta mestre, logo uma vaza certa. Uma vez mais,
jogando o naipe a partir de Norte, o campo apenas poderá
realizar a referida vaza. Mas, jogando-o a partir de Sul, será
possível realizar duas vazas, sempre que o Rei esteja
na mão do jogador que está antes da combinação
«AD»! Para tal, basta que se jogue a Dama sempre
que Oeste jogue uma carta pequena. |
¨ |
ª75 |
Para
os jogadores iniciados, esta técnica comporta um risco,
muitas vezes inibidor da sua aplicação: ao jogar
a Dama, o declarante pode perder a vaza para o Rei. Embora seja
um sentimento natural nesta fase da aprendizagem, existe um vício
de raciocínio - se o Rei estiver a seguir à combinação
«AD», irá sempre realizar a vaza. Jogar o
Ás, apenas adia esta realidade. Ao contrário, ao
jogar o Ás, o declarante rejeita a possibilidade de realizar
duas vazas no naipe, sempre que o Rei esteja antes da combinação
«AD», o que acontece em 50% das situações.
As situações de impasse são muitas, dependendo
da carta em falta
ªRV2 |
Neste caso, na sequência
de honras falta a Dama. Com 2 cartas mestres, a que correspondem
2 vazas certas, o declarante pode realizar 3 vazas no naipe,
desde que a ªD esteja na posse do adversário
à esquerda no diagrama, jogando o ª3
para o ªV. |
¨ |
ªA63 |
ªADV |
Neste exemplo, existe
uma carta mestre, o ªA e uma vaza seguramente apurável,
por via da combinação ªDV.
Aplicando a técnica da passagem, o declarante pode realizar
todas as vazas no naipe, desde que o ªR
se situe à esquerda no diagrama. Mas, para tal, terá
de jogar uma das cartas de Sul para o ªV
(ou para a ªD). Caso ganhe a vaza, terá
de voltar à mão de Sul num naipe lateral e repetir
a manobra. |
¨ |
ª763 |
Um último
exemplo, com visualização dos 4 jogos:
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ªRD5
©32 |
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Nesta fase do jogo,
o declarante, em Sul, tem 1 carta mestre - o ©A - e uma vaza seguramente apurável
através da combinação ªRD.
Vamos imaginar a mão em Sul: o ª3
é jogado e Oeste fornece o ª9.
Sul manda jogar a ªD, que faz vaza. Segue-se o
©2, Este assiste com o ©7 e Sul fornece a ©D,
ganhando a vaza. Ao repetir a manobra no naipe de espadas, Sul
irá garantir 4 das 5 vazas possiveis. Um ganho substancial!!! |
ªA109
©V9 |
¨ |
ªV82
©R7 |
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ª743
©AD |
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Conclusão:
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À
técnica que consiste em tentar realizar uma vaza com uma
carta não mestre, chama-se passagem. Para ser bem sucedida, tem de reunir
2 condições:
> Partir da mão oposta à da carta não
mestre, jogando uma pequena carta em direcção a
esta.
> Encontrar a carta imediatamente superior à carta
não mestre, antes desta |
A passagem é uma manobra aleatória:
não se pode garantir o seu sucesso, uma vez que depende
da forma de jogar do declarante e da colocação
de uma determinada carta na mão de um determinado adversário. |