AS ABERTURAS DE NÍVEL 2 FRACAS

INTRODUÇÃO

Neste artigo vamos tratar das seguintes convenções: aberturas em 2 ou 2 fracas, aberturas em 2 multicolor (que pode incluir algumas opções fortes) e aberturas em bicolor. Algumas das convenções podem ser usadas em simultâneo (por exemplo os 2 multicolor podem ser usadas em simultâneo com qualquer das outras duas em algumas variantes, já as aberturas em 2 ou 2 fracas são incompatíveis com a maioria das versões das aberturas em bicolor.

Qualquer destas opções vai implicar alterações no sistema base e necessita de trabalho de parceria, nomeadamente na escolha dos desenvolvimentos e nas situações em que o leilão se torna competitivo.

Antes de mais têm de definir o intervalo de força. Até onde vai o fraco? Variam os limites com a vulnerabilidade e/ou a posição no leilão? Que requisitos para o naipe de abertura? E para a distribuição nos outros naipes? Qual o limite para os valores fora do naipe de abertura?

Do que conhecemos da maioria das parcerias não existe qualquer resposta concertada para as questões levantadas. Por um lado porque a tradicional volatilidade das parcerias entre nós deixa pouco espaço e tempo para acertos mais elaborados. Por outro lado, mesmo para parcerias mais duradouras, o sistema fica-se pela rama porque esta coisa de trabalhar em bridge é assunto para "profissionais".

ABERTURA EM 2 OU 2 FRACAS

HIPÓTESE 1

O sistema contempla abertura em 2 ou 2 fracas, passando as aberturas fortes a ser tratadas em 2 forte indeterminado e 2 forcing de partida. Os limites da abertura vão de 5 a 10 pontos (se bem que cada parceria possa alterar estes valores). O naipe deve ter 6 cartas e na segunda posição deve ser bem compostinho (AV10, RV10, RD10, DV10 mínimo). Na 1ª posição o conceito de barragem pode levar a aventuras mais ousadas e em 3ª posição, principalmente em vulnerabilidade favorável, vale tudo. Finalmente em 4ª posição deixa de fazer sentido o conceito de barragem pelo que todas as aberturas são construtivas.

No que respeita aos valores em naipes laterais não há grandes restrições para além do bom senso. Finalmente quanto à distribuição é de evitar a existência do outro rico com 4 cartas (a menos que a diferença qualitativa entre o naipe de abertura e o naipe de 4 cartas seja muito acentuadas).

Há ainda a considerar outros factores como seja, por exemplo:

AD9854 -- A854 532

Apesar dos 10 pontos H o jogo é demasiado forte para uma abertura em 2 fraco. Aconselha-se a abertura em 1

AS RESPOSTAS

São muitas as opções disponíveis. A que mais gostamos e aconselhamos é a convenção OGUST (2ST). Para além de ser bastante descritiva é de muito fácil memorização o que é sempre um factor mais.

2 ou 2 - 2ST

A resposta é por steps e uma boa mnemónica é: mínimo - mínimo - máximo - máximo com a seguinte "tradução" - mau jogo e mau naipe; mau jogo e bom naipe; bom jogo e mau naipe; bom jogo e bom naipe. Assim:

3 » 5 a 7 pontos com apenas 1 das figuras principais no naipe

3 » 5 a 7 pontos com 2 das figuras principais no naipe

3 » 8 a 10 pontos com apenas 1 das figuras principais no naipe

3 » 8 a 10 pontos com 2 das figuras principais no naipe

3ST » Naipe com as 3 principais figuras (quase sempre uma excelente opção de contrato quando o parceiro tiver valores nos outros 3 naipes

Convirá dizer que a convenção OGUST se utiliza QUANDO HÁ FIT!

Quanto ao resto tudo igual ao habitual:

Mudança de naipe » Natural e F1

Apoio ao nível 3 » Barragem

Apoio ao nível de partida » Ambíguo. Pode ser barragem ou jogo suficiente para marcar partida.

HIPÓTESE 2

Combina o 2 fraco com os 2 multicolor. A hipótese fraca dos 2 multicolor é mesmo muito fraca (5-7) e as aberturas em 2 ou 2 são mais construtivas (8-10). Nos desenvolvimentos do OGUST ficam assim 3 dos 5 steps, correspondentes aos 3 últimos casos.

HIPÓTESE 3

Utilizar os 2 multicolor para os unicolores fracos (5-9) e as aberturas em 2 ou 2 para mãos construtivas (10-13) que antes estavam incluídas na repetição simples do naipe de abertura. Nos diferentes sistemas que joguei tive oportunidade de experimentar todas as versões aqui expostas e esta última é a minha preferida. Mas é apenas uma questão de gosto pessoal. De qualquer forma aqui fica o desenvolvimento:

ABERTURA EM 2

2
5+ cartas ♠, F1
ST
Relay, FG
Convite em ou FG se natural com
3
Natural, FG
3
Barragem
3
Splinter
3
ST
Para jogar
4
Splinter
4
Splinter
4
Natural. Não necessariamente fraca

ABERTURA EM 2

ST
Relay, FG
Convite em ♠ ou FG se natural com
3
Natural, FG
3
Natural, FG
3
Barragem
3
ST
Para jogar
4
Splinter
4
Splinter
4
Splinter
4
Natural. Não necessariamente fraca

As sequências que temos para desenvolver são: o relay FG em 2ST e a ambiguidade na voz de 3

Comecemos pelos 2ST

A
R
2
2ST
Relay, FG
3
6♥♠ + 4 qualquer
3
Pergunta. Respostas em 3 steps para mostrar o naipe 4º
3
6-3-2-2 ou mínimo com singleton qualquer
3
Pergunta. Os 2 primeiros steps mostram o 6-3-2-2 mínimo/máximo os restantes mostram, por ordem os singletons
3
Singleton , máximo
3
Singleton , máximo
3ST
Singleton ♠, máximo
4
Chicane , máximo
4
Chicane , máximo
4
Chicane , máximo

Quanto à resposta em 3 à abertura o rebide do abridor mostra o fit em paus (3 = máximo). O rebide de 3 é mínimo com ou sem fit a , e 3 no caso da abertura em 2 é máximo sem fit a .

ABERTURA EM 2 MULTICOLOR

Na sua versão original a convenção incluía os seguintes tipos de mãos:

Unicolor rico fraco

Mão forte balançada entre a abertura de 2ST e a abertura FG.

Abertura tipo Acol, forte, tipicamente em naipe pobre

Tricolor forte, 18-20

Hoje em dia utilizam-se versões com menos opções. A primeira a ser retirada do conjunto inicial foi o tricolor e para algumas parcerias as opções resumem-se a unicolores ricos fracos ou fortes (tipo Acol). Para onde foram então as restantes opções, nomeadamente o forte balançado e os unicolores fortes em naipe pobre?

Enquanto as mãos balançadas podem migrar para a abertura de 2 usando um desenvolvimento posterior desta abertura para distinguir as mãos com força 21-23 das mãos com 24 ou mais. As mãos unicolores fortes em naipe menor podem ser definidas de diferentes formas nos desenvolvimentos das respectivas aberturas.

As parcerias que trabalharam na construção do 2/1 que adoptámos jogam 2 versões diferentes do multicolor. A versão do par Ana/Bé pode ser seguida por aqui.

A abertura em 2 apenas tem duas opções: unicolor rico fraco ou forte. A abertura em 2ST passa a estar compreendida entre 18 e 20 pontos. Com 21 ou mais abrimos em 2 e , em seguida, graduamos a força. Os unicolotes fortes em menor abrem-se em naipe ao nível 1 e rebidam-se em 2ST. Quanto às zonas de força da abertura de 2, na opção fraca situa-se na zona dos 4-9 e na opção forte em 17-22 ou 5 perdentes.

Na resposta à abertura de 2

2 » Passa ou corrije

2 » Passa ou corrije mas construtivo se o naipe de abertura tiver copas

2ST » Relay, F1

3 » Natural, F1

3 » Barragem, passa ou corrije

3 » Natural, FG

3ST » Para jogar

4 » Pede ao abridor para marcar o naipe em transfer

4 » Sem interesse em receber a saída, pede ao abridor para marcar o seu naipe

4 » Natural e forte

Após o relay em 2ST o abridor marca:

A
R
2
2ST
Relay F1
3
Unicolor fraco em ou ♠, 6-7
3
Pede naipe em transfer, FG
3
Passa ou corrige
3
Unicolor fraco em ou ♠, 4-5
3
Passa ou corrige
4
Pede naipe em transfer, FG
3
Unicolor fraco em, 8-9
cue
Fixa trunfo ♠
3ST
Para jogar
3
Unicolor fraco em , 8-9
cue
Fixa trunfo
3ST
Para jogar
4
Unicolor forte em . Mão distribucional com um mínimo de 17 pontos e/ou 5 perdentes
4
Last train. Moderado interesse em cheleme
4
Para jogar
4
Unicolor forte em . Mão distribucional com um mínimo de 17 pontos e/ou 5 perdentes
4
Last train. Moderado interesse em cheleme
4
Para jogar

ABERTURA EM BICOLOR

Como seria de esperar aqui se abre mais um mundo de opções. O certo é que no bridge actual é cada vez mais frequente a inclusão de aberturas de mãos bicolores fracas nos sistemas de marcação. As mais populares entre nós são o Muiderberg e os Bicolores Polacos.

ABERTURA EM MUIDERBERG

Os bicolores Muiderberg mostram mãos com sub-abertura e com 5 cartas no naipe rico mostrado e 4+ cartas num menor indeterminado. Os desenvolvimentos mais comuns são:

Passe » Normalmente com tolerância para o naipe de abertura ou, em alternativa qualquer coisa como "vamos lá ver se escapo desta"

3 » Passa ou corrije. Para jogar no menor

3 » Convite no naipe rico de abertura

3 » Barragem

2ST » relay, normalmente assumido como FG, mas para alguns apenas F1. Após 2ST o abridor marca:

3 » Mínimo com 4+ paus

3 » Mínimo com 4+oiros

3 » Máximo com 5 paus

3 » Máximo com 5 oiros

3ST » 4-4 em menor

4 » 6 cartas no naipe menor anunciado

BICOLORES POLACOS

A convenção foi inicialmente adoptada para a nossa versão do 2/1, tendo mais tarde sido substituída pela opção atrás referida. É ainda jogada pela outra parceria que faz parte da equipa e que participou activamente na elaboração do sistema de marcação.

Basicamente a abertura em 2 mostra um bicolor com 5+ copas e 5+ cartas em qualquer outro naipe, enquanto a abertura em 2 mostra um bicolor com espadas e um naipe menor.

Os desenvolvimentos podem ser seguidos no sistema publicado na versão Ana/Bé.