Dador N, E-W vuln.
O leilão seguiu:
NORTE |
ESTE |
SUL |
OESTE |
3 |
P |
P |
? |
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A sua mão em Oeste é:
V 9 7 5 4
A 9
D 9 6 4
A 10
A questão é, obviamente, deixar ou não deixar jogar 3 : 11 pontos, vulnerabilidade desfavorável, naipe anémico de Espadas e, ainda por cima, o parceiro passou. Tudo se parece conjugar contra a reabertura da mão. Porquê, então, pôr a questão?
A primeira razão é a de aconselhar as parcerias a estabeleceram um sistema sólido contra as aberturas em barragem. Estas existem para nos complicar a vida, tirando-nos espaço de marcação e obrigando-nos a tomar decisões sem termos informação suficiente. Sou adepta de intervenções sólidas na mão imediatamente a seguir à barragem, porque ainda se desconhece a força da mão do parceiro do abridor e também a força da mão do nosso parceiro. Mas para isto resultar, o jogador em última posição tem a "obrigação" de proteger o parceiro, avaliando se tem ou não reabertura e se a melhor decisão será ou não passar.
A segunda razão prende-se com o risco de reabrir um parcial e apanhar uma série de cabides, provavelmente dobrados. É, com certeza, um risco. Mas, curiosamente, não é maior risco do que deixar os adversários à vontade, a jogarem o parcial que escolheram. Em torneio de pares tente sempre optar por uma postura interventiva e não por uma postura passiva. Vai ver que compensa.
Seguiu então o leilão:
NORTE |
ESTE |
SUL |
OESTE |
3 |
P |
P |
3 |
P |
4 |
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Contrato: 4 ESPADAS POR W

Saída: 4 de Paus
O carteio seguiu desta forma:
1) 4 de Paus, 5 da mesa, Q de Sul, As da mão
2) 2 voltas de Espadas, a que os adversários assistiram
3) 7 de Paus da mesa, 8 de Paus de Sul, 10 de Paus da mão, Norte cortou com o 10 de Espadas
4) 7 de Ouros de Norte, 10 de Ouros da mesa, Rei de Ouros de Sul, 4 de Ouros da mão.
5) Q de Copas de Sul, As de Copas da mão, pequena de Norte e pequena da mesa.
6) 6 de Ouros da mão, 5 de Ouros de Norte, J de Ouros da mesa, 2 de Ouros de Sul
7) 9 de Paus da mesa, forçando o K de Paus de Sul. Se Sul cobrir com o K de Paus, cortamos, entramos na mesa no Ás de Ouros e baldamos o 9 de Copas no J de Paus. Se Sul não cobrir, baldamos imediatamente o 9 de Copas no 9 de Paus.
Conclusão: 10 vazas, tendo perdido 2 vazas a trunfo ( 10 de Espadas e Q de Espadas ) e o K de Ouros.
Pergunta-se:
1) Tem uma linha alternativa de jogo, após a saída ao 4 de Paus?
2) Como joga se a saída for a Copas?
3) Se Sul cobrir o 7 de Paus da mesa com o K de paus, (onde Norte balda um Ouro) e Sul continuar com um outro Pau, como joga e porquê?
Espero que digam qualquer coisinha:)
Kissss
Ana
A minha análise- Luis Oliveira
Desde já, concordo em absoluto com o comentário da Ana sobre a "obrigação" do nº4 proteger o parceiro em situações de barragem. Este tipo de aberturas ou intervenções colocam-nos numa situação muito diferente da cómoda avaliação da força e distribuição em situações de leilão a dois. A passividade em situações competitivas extremas paga-se, normalmente, caro. Devolver a pressão para o campo contrário é, por regra, uma boa política.
Quanto às questões levantadas pela Ana, a primeira evidência é que a carta de saída é um singleton, pelo que a vaza deve ser ganha pelo Ás. Continuar com 2 voltas de trunfo também parece evidente. A copa perdente já tem um destino marcado - vai voar num dos paus do morto. Se Sul cobrir com o R, a situação é bem mais complicada para o declarante: se cortar com um pequeno trunfo, Norte vai recortar e está no cabide - 2 trunfos, 1 pau e 1 oiro. Se não cortar e baldar a copa está no cabide também porque vai perder as mesmas vazas do caso anterior. Assim vai ter de cortar com o V e esperar pelo melhor. Mas mesmo depois de ganhar a vaza, a continuação do carteio não é fácil: se Norte baldar outro oiro tem de fechar os olhos e jogar trunfo, esperando pela distribuição 3-3 do naipe. Sul está marcado com um singleton a copas pelo que ficará reduzido a paus e oiros e o contrato está a salvo.
Em resumo, excelente a decisão da Ana em reabrir o leilão e, melhor ainda, a linha de jogo que escolheu que não me parece ter alternativa na sua substância.
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