Manual de Iniciação ao Bridge

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Capítulo I - As regras do jogo - o minibridge em ST



Determinar o contrato

O processo de determinação do contrato é conhecido por LEILÃO. Em bridge os 2 campos podem lutar pela atribuição do contrato, de acordo com procedimentos que estudaremos ao longo deste manual. Para já, vamos limitar-nos a uma forma simplificada de leilão (o Minibridge), a fim de determinar, rapidamente, o contrato.

O primeiro jogador a entrar em acção é o DADOR. Esta designação corresponde ao jogador que distribuiu as 52 cartas pelos 4 jogadores (uma a uma, no sentido dos ponteiros do relógio) ou, no caso dos jogos previamente dados, ao jogador que vem referenciado na respectiva carteira, onde as cartas correspondentes a cada um estão guardadas.


Modelo de carteira onde são guardadas as cartas pertencentes a cada jogador. Neste caso, o dador é o jogador em Sul

Este jogador conta os seus pontos honra e, se tiver 12 ou mais pontos, declara: EU ABRO, tornando-se o ABRIDOR. O seu parceiro do abridor, denominado RESPONDENTE, anuncia, em voz alta, o número de pontos. Ao total de pontos do campo corresponde, por consulta à Tabela de Decisão, um determinado número de vazas ou nível de contrato, que será anunciado, em voz alta e constituirá o CONTRATO FINAL.

No caso do dador ter menos de 12 pontos, declara EU PASSO. É a vez do jogador à sua esquerda repetir os procedimentos descritos. Se tiver 12 ou mais pontos assume o papel de abridor, caso contrário «Passa» e será a vez do jogador seguinte se pronunciar. Quando os 4 jogadores declararem «Eu Passo», o jogo termina.

Por exemplo, suponha que o jogador A, na sua vez de falar, contou 14 pontos honra no seu jogo e declarou EU ABRO. O seu parceiro, o jogador B, anunciou: Tenho 9 pontos. O abridor, jogador A, somou os pontos do parceiro aos seus, obtendo um total de 23 pontos no seu campo. Após consulta à Tabela de Decisão, declara o contrato final de 2ST, ou seja, compromete-se a realizar 8 vazas.

Para que esta condição se verifique é necessário que o campo que anuncia o contrato final tenha, no mínimo, 20 pontos. Não sendo o caso (imagine-se, por exemplo, um jogador com 12 pontos que declara ter abertura e o parceiro anuncia ter apenas 6 pontos), o abridor passa e o contrato final será estabelecido pelo jogador à sua direita, depois do parceiro deste ter anunciado, em voz alta, o número de pontos.

O desenrolar do jogo

O jogador sentado à esquerda do DECLARANTE (jogador que vai tentar cumprir o contrato), coloca na mesa, de face voltada para cima, uma carta que escolhe do seu jogo. O declarante é, nesta primeira fase do jogo, o ABRIDOR. Como veremos, numa fase mais adiantada do curso, nem sempre o abridor se torna declarante. A partir da altura em que aparece a CARTA DE SAÍDA, o parceiro do declarante expõe o seu jogo sobre a mesa e deixa de ter qualquer papel activo no desenrolar do jogo. É denominado MORTO. Compete ao declarante nomear as cartas a jogar da mão exposta sobre a mesa. Os outros jogadores vão jogando, um após o outro, no sentido dos ponteiros do relógio, uma carta para a vaza em curso, tendo como única obrigação ASSISTIR ao naipe que está a ser jogado, isto é, fornecer uma carta do mesmo naipe, se possível. Quando um jogador não tem carta do naipe que está a ser jogado, terá de escolher uma carta qualquer de outro naipe, à sua escolha. Nesta situação, diz-se que o jogador BALDA uma carta. Seja qual for o valor da carta jogada, nesta situação, ela não poderá ganhar a vaza em curso.

Após a vaza da saída, começa a jogar para a vaza seguinte o jogador que ganha a vaza. Jogadas as 13 vazas, é altura de fazer as contas. Se o campo do declarante realizou, no mínimo, o número de vazas que prometeu, diz-se que CUMPRIU O CONTRATO. Como resultado, ser-lhe-à atribuída uma pontuação positiva. Se ficou aquém do número de vazas prometidas, diz-se que foi para o CABIDE (*) . O número de cabides será igual ao número de vazas a menos realizadas, relativamente ao contrato estabelecido. A cada cabide corresponderá uma pontuação negativa para o campo do declarante
(*) - como curiosidade, refira-se que o termo "cabide" não corresponde à tradução de qualquer designação de origem francesa ou anglo-saxónica, ao contrário das restantes nomenclaturas utilizadas em bridge. O "mistério" parece ter ficado resolvido, faz pouco tempo, através de um excelente trabalho jornalístico do António Eanes e pode ser consultado aqui

A pontuação - pontos ganhos e perdidos

Se o contrato for cumprido, ao campo do declarante serão atribuídos:
- 40 pontos pelo 1º nível de contrato
- 30 pontos por cada um dos níveis seguintes.
Se o declarante não conseguir cumprir o contrato, o campo adversário marca 50 pontos por cada vaza a menos realizada (ou por cada cabide).

O jogo - as vazas certas do declarantes

O primeiro movimento do declarante consiste em definir um plano que lhe possibilite cumprir o contrato prometido. Para tal, deverá começar por contar as vazas que, seguramente, irá realizar. São as chamadas VAZAS CERTAS. Essas vazas são realizadas por cartas mestres, isto é, por cartas que são superiores às cartas do mesmo naipe existentes no campo defensivo. Possuir o Ás de determinado naipe equivale a ter uma vaza certa. Por outras palavras, vaza certa é toda aquela que se consegue fazer sem ter de ceder a iniciativa ao adversário. Os Reis só poderão garantir uma vaza certa se, entre o nosso jogo e o do nosso parceiro, existirem os ases dos naipes respectivos. O mesmo se passa em relação às restantes cartas. Serão vazas certas sempre que, no campo respectivo, existirem as cartas que lhes são hierarquicamente superiores. Veja, nos exemplos que se seguem o número de vazas certas existentes em cada um dos casos:
 ª A2    ª 63  A existência do Ás é uma garantia de vaza certa

 ª 76    ª R53 O Rei não é uma carta mestre, já que existe uma carta maior (o Ás) no campo adversário. Por este facto, não existe nenhuma garantia de se realizar uma vaza neste naipe

 ª A74    ª D62 O Ás é garantia de 1 vaza. O mesmo não se passa com a Dama, já que a defesa possui uma carta de valor mais elevado (o Rei)

 ª R83    ª AV5 A existência de Ás e Rei do naipe, garantem duas vazas para o declarante. O mesmo não se passa com o Valete, já que a defesa possui uma carta de valor mais elevado (a Dama)

 ª R83    ª D52 Apesar das 2 honras, a falta do Ás implica a não existência de qualquer vaza certa.

A prática

Exposta a carta de saída e o jogo do morto, o declarante deve contar as vazas certas existentes no seu campo, naipe por naipe. Para tal, deve olhar para os dois jogos como um todo. Não se devem contar as vazas certas de uma mão e depois as vazas certas da outra.
ª AD3
©
R1053
¨ A94
§
V86
ª R62
©
DV4
¨ RV63
§
AR5
O QUE NÃO SE DEVE FAZER - O declarante contar 2 vazas certas na sua mão (Ás e Rei de paus) e 2 vazas certas no morto (Ás de espadas e Ás de ouros). Total = 4 vazas
O QUE SE DEVE FAZER - No naipe de espadas, 3 cartas mestres entre as 2 mãos, logo 3 vazas certas. No naipe de copas, da não existência do Ás, resultam zero vazas certas. Em ouros, existem 2 cartas mestres, logo 2 vazas certas. Finalmente, em paus, 2 cartas mestres, o que equivale a 2 vazas certas. Total = 7 vazas



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