Determinar
o contrato
O processo
de determinação do contrato é conhecido
por LEILÃO. Em bridge os 2
campos podem lutar pela atribuição do contrato,
de acordo com procedimentos que estudaremos ao longo deste manual.
Para já, vamos limitar-nos a uma forma simplificada de
leilão (o Minibridge), a fim de determinar, rapidamente,
o contrato.
O primeiro
jogador a entrar em acção é o DADOR. Esta designação
corresponde ao jogador que distribuiu as 52 cartas pelos 4 jogadores
(uma a uma, no sentido dos ponteiros do relógio) ou, no
caso dos jogos previamente dados, ao jogador que vem referenciado
na respectiva carteira, onde as cartas correspondentes a cada
um estão guardadas.
Modelo de carteira
onde são guardadas as cartas pertencentes a cada jogador.
Neste caso, o dador é o jogador em Sul
Este jogador
conta os seus pontos honra e, se tiver 12 ou mais pontos, declara:
EU ABRO, tornando-se o ABRIDOR. O seu parceiro
do abridor, denominado RESPONDENTE, anuncia, em voz alta, o número de pontos.
Ao total de pontos do campo corresponde, por consulta à
Tabela
de Decisão,
um determinado número de vazas ou nível de contrato,
que será anunciado, em voz alta e constituirá o
CONTRATO
FINAL.
No caso
do dador ter menos de 12 pontos, declara EU PASSO. É a vez do jogador à
sua esquerda repetir os procedimentos descritos. Se tiver 12
ou mais pontos assume o papel de abridor, caso contrário
«Passa» e será a vez do jogador seguinte se
pronunciar. Quando os 4 jogadores declararem «Eu Passo»,
o jogo termina.
Por exemplo,
suponha que o jogador A, na sua vez de falar, contou 14 pontos
honra no seu jogo e declarou EU ABRO. O seu parceiro, o jogador B, anunciou: Tenho 9 pontos. O abridor, jogador
A, somou os pontos do parceiro aos seus, obtendo um total de
23 pontos no seu campo. Após consulta à Tabela de
Decisão,
declara o contrato final de 2ST, ou seja, compromete-se a realizar
8 vazas.
Para que
esta condição se verifique é necessário
que o campo que anuncia o contrato final tenha, no mínimo,
20 pontos. Não sendo o caso (imagine-se, por exemplo,
um jogador com 12 pontos que declara ter abertura e o parceiro
anuncia ter apenas 6 pontos), o abridor passa e o contrato final
será estabelecido pelo jogador à sua direita, depois
do parceiro deste ter anunciado, em voz alta, o número
de pontos.
O
desenrolar do jogo
O jogador
sentado à esquerda do DECLARANTE (jogador que vai tentar cumprir o contrato),
coloca na mesa, de face voltada para cima, uma carta que escolhe
do seu jogo. O declarante é, nesta primeira fase do jogo,
o ABRIDOR. Como veremos, numa
fase mais adiantada do curso, nem sempre o abridor se torna declarante.
A partir da altura em que aparece a CARTA DE SAÍDA, o parceiro do declarante
expõe o seu jogo sobre a mesa e deixa de ter qualquer
papel activo no desenrolar do jogo. É denominado MORTO. Compete ao declarante
nomear as cartas a jogar da mão exposta sobre a mesa.
Os outros jogadores vão jogando, um após o outro,
no sentido dos ponteiros do relógio, uma carta para a
vaza em curso, tendo como única obrigação
ASSISTIR ao naipe que está
a ser jogado, isto é, fornecer uma carta do mesmo naipe,
se possível. Quando um jogador não tem carta do
naipe que está a ser jogado, terá de escolher uma
carta qualquer de outro naipe, à sua escolha. Nesta situação,
diz-se que o jogador BALDA uma carta. Seja
qual for o valor da carta jogada, nesta situação,
ela não poderá ganhar a vaza em curso.
Após
a vaza da saída, começa a jogar para a vaza seguinte
o jogador que ganha a vaza. Jogadas as 13 vazas, é altura
de fazer as contas. Se o campo do declarante realizou, no mínimo,
o número de vazas que prometeu, diz-se que CUMPRIU O CONTRATO. Como resultado,
ser-lhe-à atribuída uma pontuação
positiva. Se ficou aquém do número de vazas prometidas,
diz-se que foi para o CABIDE (*) . O número de cabides será
igual ao número de vazas a menos realizadas, relativamente
ao contrato estabelecido. A cada cabide corresponderá
uma pontuação negativa para o campo do declarante
(*) - como curiosidade, refira-se que o termo "cabide"
não corresponde à tradução de qualquer
designação de origem francesa ou anglo-saxónica,
ao contrário das restantes nomenclaturas utilizadas em
bridge. O "mistério" parece ter ficado resolvido,
faz pouco tempo, através de um excelente trabalho jornalístico
do António Eanes e pode ser consultado aqui |
A pontuação - pontos ganhos e
perdidos
Se o contrato
for cumprido, ao campo do declarante serão atribuídos:
- 40 pontos pelo 1º nível de contrato
- 30 pontos por cada um dos níveis seguintes.
Se o declarante não conseguir cumprir o contrato, o campo
adversário marca 50 pontos por cada vaza a menos realizada
(ou por cada cabide).
O jogo - as vazas certas do declarantes
O primeiro
movimento do declarante consiste em definir um plano que lhe
possibilite cumprir o contrato prometido. Para tal, deverá
começar por contar as vazas que, seguramente, irá
realizar. São as chamadas VAZAS CERTAS. Essas vazas são realizadas
por cartas mestres, isto é, por cartas que são
superiores às cartas do mesmo naipe existentes no campo
defensivo. Possuir o Ás de determinado naipe equivale
a ter uma vaza certa. Por outras palavras, vaza certa é
toda aquela que se consegue fazer sem ter de ceder a iniciativa
ao adversário. Os Reis só poderão garantir
uma vaza certa se, entre o nosso jogo e o do nosso parceiro,
existirem os ases dos naipes respectivos. O mesmo se passa em
relação às restantes cartas. Serão
vazas certas sempre que, no campo respectivo, existirem as cartas
que lhes são hierarquicamente superiores. Veja, nos exemplos
que se seguem o número de vazas certas existentes em cada
um dos casos:
ª A2 |
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ª 63 |
A existência
do Ás é uma garantia de vaza certa |
ª 76 |
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ª R53 |
O Rei não é
uma carta mestre, já que existe uma carta maior (o Ás)
no campo adversário. Por este facto, não existe
nenhuma garantia de se realizar uma vaza neste naipe |
ª A74 |
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ª D62 |
O Ás é
garantia de 1 vaza. O mesmo não se passa com a Dama, já
que a defesa possui uma carta de valor mais elevado (o Rei) |
ª R83 |
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ª AV5 |
A existência
de Ás e Rei do naipe, garantem duas vazas para o declarante.
O mesmo não se passa com o Valete, já que a defesa
possui uma carta de valor mais elevado (a Dama) |
ª R83 |
|
ª D52 |
Apesar das 2 honras,
a falta do Ás implica a não existência de
qualquer vaza certa. |
A prática
Exposta
a carta de saída e o jogo do morto, o declarante deve
contar as vazas certas existentes no seu campo, naipe por naipe.
Para tal, deve olhar para os dois jogos como um todo. Não
se devem contar as vazas certas de uma mão e depois as
vazas certas da outra.
ª AD3
© R1053
¨ A94
§ V86 |
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ª R62
© DV4
¨ RV63
§ AR5 |
O QUE NÃO SE
DEVE FAZER - O declarante contar 2 vazas certas na sua mão
(Ás e Rei de paus) e 2 vazas certas no morto (Ás
de espadas e Ás de ouros). Total = 4 vazas
O QUE SE DEVE FAZER
- No naipe de espadas, 3 cartas mestres entre as 2 mãos,
logo 3 vazas certas. No naipe de copas, da não existência
do Ás, resultam zero vazas certas. Em ouros, existem 2
cartas mestres, logo 2 vazas certas. Finalmente, em paus, 2 cartas
mestres, o que equivale a 2 vazas certas. Total = 7 vazas |
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