Manual de Iniciação ao Bridge

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Capítulo III - Pontos de cheleme; apuramento de vazas; saídas



Os chelemes
Designam-se por CHELEMES os contratos de 12 vazas (pequeno cheleme) e 13 vazas (grande cheleme). O seu elevado risco é compensado com uma bonificação adicional - 500 pontos no primeiro caso e 1000 pontos no segundo caso. Estamos agora em condições de ver o quadro completo de marcações em contratos de ST, incluindo as diferentes bonificações - de parciais, de partidas e de chelemes - e distinguindo os níveis inúteis de marcação.

TABELA DE DECISÃO
 
NÚMERO DE PONTOS CONTRATO PONTUAÇÃO

COMENTÁRIO
37 a 40 7ST (13 vazas) 1520 pontos (40+30x6)+300+1000

nível útil
33 a 36 6ST (12 vazas) 990 pontos (40+30x5)+300+500

nível útil
30 a 32 5ST (11 vazas) 460 pontos (40+30x4)+300

nível inútil
27 a 29 4ST (10 vazas) 430 pontos (40+30x3)+300

nível inútil
25 a 26 3ST (9 vazas) 400 pontos (40+30x2)+300

nível útil
23 a 24 2ST (8 vazas) 120 pontos (40+30x1)+50

nível inútil
20 a 22 1ST (7 vazas) 90 pontos (40+50)

nível útil

NOTA: A designação de nível inútil não significa que deve ser desprezado. Apenas se refere a níveis de contrato sem benefícios adicionais relativamente a contratos mais baixos e, portanto, de menor risco. No entanto, acontece muitas vezes que, na exaustiva tarefa de troca de informações em busca do melhor contrato, os jogadores do campo não conseguem parar no nível mais baixo. Por exemplo, quando o parceiro abre em 1ST e nós temos 9 pontos, não podemos ainda saber se existe, ou não, força suficiente para partida. Marcamos 2ST como forma de perguntar ao parceiro se ele está no limite superior ou no limite inferior da abertura. No primeiro caso, ele marca 3ST (partida) mas, no segundo caso, ele passa, terminando o leilão num contrato de nível "inútil". Grosso modo, podemos dizer que os níveis inúteis de contratos correspondem a sequências de convite para contratos de partida ou de cheleme.

O apuramento de vazas
Depois de definido o contrato final, da carta de saída e do aparecimento do morto, raramente o declarante consegue contar o número de vazas necessário para o cumprimento do seu contrato. Possui um determinado número de cartas mestres, com maior ou menor facilidade convertíveis em vazas (problemas com bloqueios...). Mas o potencial de um jogo não é apenas determinado pelo número de cartas mestres existentes. Existem outras formas de realizar vazas, nomeadamente, promovendo honras a cartas mestres. Vamos ver um exemplo:
ªRD42
©
AD2
¨R852
§
AR 
  ªA3
©
R95
¨D974
§
8542 
Com 30 pontos no conjunto das 2 mãos, Oeste está a jogar um contrato de 3ST. Ao contar as suas cartas mestres, o declarante verifica ter apenas 8 vazas - 3 espadas, 3 copas e 2 paus. Falta-lhe 1 vaza. A solução do problema passa pela "promoção" de uma das honras em oiros a carta mestre. Sacrificando uma das honras ao ¨A de um dos adversários, a outra figura de oiros torna-se uma carta mestre, constituindo a desejada 9ª vaza.

As cartas equivalentes
Num determinado naipe, acontece com frequência que diferentes cartas desempenham um mesmo papel. Por exemplo:
R95
¨
AD2
O naipe tem 3 cartas mestres e, sendo simétrico, irá produzir 3 vazas, desde que não se "atropelem" as honras. A ordem pela qual as cartas são jogadas é indiferente. Pode, por exemplo, começar por jogar a «D» para uma carta pequena da outra mão. São cartas equivalentes. Com efeito, todas as cartas mestres de um determinado naipe são cartas equivalentes.

D953
¨
V1062
A importante noção do exemplo anterior pode ser generalizada a cartas não mestres. Neste exemplo, qualquer das cartas «DV109» obriga o adversário a jogar uma mesma carta para ganhar a vaza. Com efeito, quer jogue o «9» quer jogue a «D», para ganhar a vaza o adversário terá de jogar, pelo menos, o «R».

R95
¨
V62
Neste caso, «V» e «R» não são cartas equivalentes. O «V» pode ser ganho pela «D» de um dos adversários e o «R» pelo «A».

Os mecanismos de apuramento de vazas
Apurar uma carta consiste em torná-la uma carta mestre por forma a poder realizar uma vaza. A manobra requer algumas condições:
- ter um número suficiente de cartas equivalentes
- ter um número mínimo de cartas na mão comprida
- poder ceder a iniciativa ao adversário, uma ou mais vezes.
  DV10   «D»,«V» e «10» são 3 cartas equivalentes. Ao jogar uma vez o naipe, o adversário terá de utilizar o «R» ou o «A» para ganhar a vaza. Na 2ª vez que poder jogar o naipe, o adversário terá de gastar a sua última carta mestre no naipe para ganhar a vaza. A 3ª carta do naipe tornou-se, agora, uma carta mestre e irá realizar 1 vaza. Esta manobra, no entanto, deu por 2 vezes a iniciativa ao adversário que, curiosamente, está a realizar manobras semelhantes para os interesses do seu campo.
A84 ¨ R963
  752  

  D75   O desaparecimento de uma das cartas equivalentes impossibilita a manobra descrita no exemplo anterior. Existem apenas 2 cartas equivalentes para 2 cartas mestres na posse dos adversários. O que nos conduz ao seguinte princípio:
A96 ¨ R1043
  V82  
É necessário, pelo menos, mais uma carta equivalente que o número de cartas mestres no naipe, na posse dos adversários, para promover uma carta a carta mestre.

O comprimento dos naipes
Outra das condições diz respeito à necessidade de ter um número mínimo de cartas em, pelo menos, uma das mãos do campo para que o apuramento resulte:
  D10   O facto de existirem 3 cartas equivalentes no naipe e apenas 2 cartas mestres na posse dos adversários é uma condição necessária mas não suficiente. Havendo tantas cartas em cada uma das mãos do campo quanto cartas mestres existem nas mãos dos adversários a manobra de apuramento não pode resultar. As cartas equivalentes tombarão, em simultâneo, sob uma das cartas mestres dos adversários. O que nos conduz a um outro princípio:
A874 ¨ R9653
  V2  

É necessário que uma das mãos do campo tenha, pelo menos, mais uma carta que o número de cartas mestres na posse dos adversários.

Apuramento de naipes assimétricos
Um naipe assimétrico pode, também, produzir vazas de apuramento. Os cuidados a ter são muito semelhantes aos discutidos no capítulo anterior, quando se tratava de realizar vazas com cartas mestres em naipes assimétricos. O perigo é comum aos dois casos - bloqueio do naipe.
  DV103   Não existe qualquer carta mestre no naipe, mas existem 4 cartas equivalentes para apenas 1 carta mestre na posse dos adversários. o «A». Tal como estudámos anteriormente, é importante começar por jogar o «R» para uma carta pequena de Norte e continuar com uma carta pequena em direcção a uma das cartas equivalentes. Necessita apenas de 1 entrada lateral em Norte para garantir 3 vazas no naipe. Se começar pela carta pequena da mão curta, irá precisar de 2 entradas ou perderá uma vaza - basta o flanco recuar o «A» 2 vezes. Daqui resulta um novo princípio:
A965 ¨ 872
  R4  

Para apurar vazas num naipe assimétrico, tem de começar por jogar as cartas equivalentes da mão curta.

Apuramento de cartas não equivalentes
Podemos apurar honras mesmo sem possuir todas as cartas equivalentes:
  RV5   Jogando uma pequena carta para o «V» perde-se para a «D». Agora existe apenas uma carta nos adversários, o «A», superior às 2 cartas do campo Norte-Sul «R10». O que conduzirá ao apuramento de uma vaza.
964 ¨ AD87
  1032  

  D1085   O mesmo princípio do exemplo anterior. Perderá, sucessivamente, 3 vazas para as figuras de Este, mas ficará com uma carta apurada no naipe.
3 ¨ ARV7
  9642  



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