Manual de Iniciação ao Bridge

Página 25

Capítulo IV - Vazas de comprimento; Avaliação; Chelemes em ST



As vazas de comprimento do declarante
Para além dos métodos já estudados para realizar vazas - cartas mestres e apuramento de honras secundárias - quer o campo do declarante quer a defesa podem realizar as chamadas vazas de comprimento.
 ARDV ¨  752  4 cartas mestres, 4 cartas na mão comprida = 4 vazas

ARDV2 ¨  754  4 cartas mestres, 5 cartas na mão comprida = 5 vazas (excepto com o naipe 5-0 na defesa)

Chama-se VAZA DE COMPRIMENTO a uma vaza ganha por uma pequena carta de um naipe, quando já nenhum dos adversários possui cartas desse naipe.

 ARD874 ¨  9632 Com 10 cartas no campo, restam apenas 3 cartas no naipe para os adversários. As 3 cartas mestres darão conta desse resíduo, qualquer que seja a sua distribuição. As restantes cartas pequenas «8», «7» e «4» tornam-se vazas de comprimento.

ARD84 Restam 5 cartas aos adversários «V», «10», «9», «6» e «5». De acordo com a distribuição destas cartas pelos 2 adversários, assim dependerá o número de vazas a realizar no naipe.
1. Se todas as cartas estiverem na mão de um defensor, apenas 3 cartas mestres realizarão vazas no campo do declarante.
2. Se a distribuição for 4-1, o declarante poderá realizar 4 vazas - 3 à conta das cartas mestres e 1 de comprimento (a 5ª carta da mão comprida). Neste caso, os adversários terão de realizar 1 vaza no naipe.
3. Se a distribuição for 3-2, as 3 cartas mestres eliminam as cartas dos adversários e «8» e «4» tornam-se vazas de comprimento.

¨
732

Existe uma única condição para que uma pequena carta se possa transformar em vaza de comprimento: ter mais cartas que a mão mais comprida dos adversários.

As hipóteses de distribuição das cartas de determinado naipe foram calculadas em termos de probabilidades. Conhecer as mais comuns é útil para se ter uma ideia das hipóteses de apuramento de pequenas cartas. Mas, antes do mais, o declarante precisa de ver e contar as cartas que saem das mãos dos defensores. Cada jogador poderá escolher o seu método para desempenhar esta tarefa. O que nos parece mais apropriado e mais eficaz é, relativamente ao naipe que interessa, partir do número de cartas em posse dos adversários e ir subtraindo a este número as cartas que saem, à medida que o naipe está a ser jogado. O quadro seguinte, mostra os resultados aproximados do cálculo de probabilidades para os resíduos mais frequentes:
Nº CARTAS DO CAMPO Nº CARTAS DOS ADVERSÁRIOS RESÍDUOS POSSÍVEIS PROBABILIDADE APROXIMADA

6

7
4 - 3 2 vezes em 3 (66%)
5 - 2 1 vez em 3 (33%)
6 - 1 raro
7 - 0 muito raro

7

6
3 - 3 1 vez em 3 (33%)
4 - 2 1 vez em 2 (50%)
5 - 1 1 vez em 6 (16%)
6 - 0 muito raro

8

5
3 - 2 2 vezes em 3 (66%)
4 - 1 1 vez em 3 (33%)
5 - 0 raro

9

4
2 - 2 2 vezes em 5 (40%)
3 - 1 1 vez em 2 (50%)
4 - 0 1 vez em 10 (10%)

O golpe em branco
O apuramento de vazas em comprimento obriga o declarante a jogar várias vezes o naipe. Em função da localização da mão comprida, é fundamental saber gerir as comunicantes entre as duas mãos. Examine o diagrama seguinte:
Sul joga 3ST

Saída:
©D
ª74
©
653
¨AR742
§
R63
  Com 7 vazas certas, correspondentes a outras tantas cartas mestres, «oiros» é o naipe de trabalho de Sul para tentar realizar as vazas que lhe faltam. Faltando-lhe 5 cartas no naipe, a distribuição mais provável é 3-2, de acordo com o quadro acima mencionado. Assim, ganha a vaza de saída, joga 2 voltas de oiros, utilizando as 2 cartas mestres no naipe e, ao verificar que ambos os defensores assistem, joga uma 3ª volta no naipe. Este ganha a vaza, mas as 2 pequenas cartas do morto estão apuradas e o §R é uma entrada certa no morto para realizar as 2 vazas em oiros.
De realçar que, nesta manobra para apuramento das vazas de comprimento, o declarante teve de ceder a mão a um adversário.
ªR1096
©
DV109
¨V3
§
V52
  ªD53
©
842
¨D108
§
D1097
  ªAV82
©
AR7
¨965
§
A84
 
Vamos alterar um pouco a situação:
Sul joga 3ST

Saída:
©D
ª74
©
653
¨AR742
§
863
  As mesmas 7 vazas certas! Embora, aparentemente, todas as condições se mantenham, existe uma enorme diferença relativamente ao diagrama anterior. Com efeito, a deslocação do §R para a mão do declarante retirou ao morto uma entrada fundamental. Se repetir o procedimento anterior irá, da mesma forma, apurar 2 vazas no naipe de oiros mas fica sem comunicante para as realizar. A solução está em "inventar" uma comunicante no próprio naipe. Lembre-se que, para apurar o naipe, teve de ceder uma vaza ao adversário. Sendo um mal inevitável, o timing em que tal acontece é controlado pelo declarante. A perda da vaza em oiros que, no exemplo anterior, ocorreu na 3ª puxada no naipe, deverá agora ocorrer na 1ª. Jogue um pequeno oiro das duas mãos na 2ª vaza. Mantém as 2 cartas mestres em oiros no morto e uma pequena carta na sua mão. Sairam 2 cartas das 5 inicialmente em poder da defesa. Se o naipe estiver 3-2, premissa válida também para o exemplo anterior, as 2 cartas restantes na mão comprida dos adversários irão cair debaixo das 2 cartas mestres, ficando o o naipe apurado e a mão no sítio certo: o Morto.
A esta técnica de gestão de comunicantes chama-se
GOLPE EM BRANCO.
ªR1096
©
DV109
¨V3
§
V52
  ªD53
©
842
¨D108
§
D1097
  ªAV82
©
AR7
¨965
§
AR4
 

O duplo golpe em branco
A técnica do Golpe em Branco é utilizada em muitas situações e com algumas variantes:
AR642 ¨ 975

ou
R8642 ¨ A75 As cartas mestres podem estar na mesma mão ou distribuídas pelas 2 mãos. Em qualquer dos casos, a técnica é a mesma - pequena carta dos 2 lados na primeira puxada no naipe.

Em ambas as situações, no entanto, existem 2 cartas mestres no campo. Mas a manobra também é possível com apenas 1 carta mestre, só que...
A9543 ¨ 762 O número de cartas no campo é o mesmo, as hipóteses de apuramento também. Mas, com menos 1 carta mestre, faz-se menos 1 vaza, para além de ter de se ceder 2 vezes a mão ao adversário

Quando, em casos destes, se verifica também um problema de comunicantes, a solução está em jogar 2 vezes pequenas cartas das 2 mãos, mantendo uma pequena carta na mão curta, a carta mestre e as cartas pequenas na mão comprida. A técnica é conhecida por DUPLO GOLPE EM BRANCO.
Sul joga 3ST

Saída:
©D
ªV93
©
87
¨A9643
§
764
  7 cartas mestres, 7vazas certas! O naipe de oiros continua a ser a solução para o problema, mas a ausência de comunicantes para o morto vai requerer alguma perícia adicional e, também, alguma sorte. Ganha a vaza de saída e joga um oiro pequeno das 2 mãos (Golpe em Branco). A defesa continua em copas, eliminando a 2ª e última defesa no naipe. Novamente, um oiro em branco das 2 mãos (Duplo Golpe em Branco). A questão da perícia está resolvida, falta agora o factor sorte. Com efeito, se a mão comprida a copas tiver 5 cartas no naipe e não 4, o contrato será derrotado - 3 copas e 2 oiros. Existe, portanto, risco o que, naturalmente, perturba os jogadores em fase de aprendizagem.
Mas, quando calculado e consciente, o risco é, no bridge como na vida, a diferença que separa os vencedores dos perdedores...
ª1062
©
DV106
¨RV10
§
R53
  ª8754
©
952
¨D5
§
V1092
  ªARD
©
AR43
¨872
§
AD8
 



Página 25


  Regressar ao topo da página
Página anterior Próxima página
 Outras páginas do Capítulo IV: 26 - 27 - 28 - 29 - 30 - 31
Ir para o Índice