Manual de Iniciação ao Bridge

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Capítulo IV - Vazas de comprimento; Avaliação; Chelemes em ST



As vazas de comprimento da defesa
Os objectivos da defesa são exactamente os mesmos do declarante - fazer o maior número de vazas possíveis. Como são iguais as ferramentas de que dispõe cada um dos campos para tentar alcançar esses objectivos - fazer vazas com cartas mestres, apurar honras secundárias, apurar vazas de comprimento...
A saída é, simultaneamente, um privilégio e uma responsabilidade para o campo defensivo. Este "primeiro gesto" é muito importante, já que muitos são os contratos que com ele se decidem. O jogador responsável pela escolha da carta de saída obedece a condições que são, praticamente, constantes:
- O seu campo é minoritário em pontos honra
- Existem, por isso, poucas hipóteses de derrotar o contrato apenas por via dos pontos honra
- Impõe-se, para o campo defensivo, criar, tão rapidamente quanto possível, vazas de comprimento.
Por estas razões a saída indicada é, quase sempre, ao naipe mais comprido. Quanto mais comprido ele for, maiores as probabilidades de gerar vazas de comprimento. Por vezes, ao defensor deparam-se problemas complicados:
ª D952
©
V86
¨ 74
§
RV52 
 E agora? Qual deve ser o naipe de saída, uma vez que existe, não 1 mas 2 naipes compridos?
 A solução está, nestes casos, no teor do naipe. O naipe escolhido deve ser o naipe mais forte em  honras ou com  combinações de cartas mais "apetecíveis" - sequências, por exemplo. Neste caso, a saída deverá ser ao
§2 uma  vez que o naipe tem 2 honras, contra apenas 1 do naipe de espadas.

«DV852» em frente de «R73», é uma situação absolutamente idêntica, aconteça ela no campo do declarante ou no campo defensivo. Mas existe uma diferença de peso:
Enquanto o declarante pode visualizar todas as cartas do seu campo, os defensores não podem ver as cartas um do outro.
ª 963
©
V85
¨ AD42
§
R87 

Sul joga 3ST e a saída foi ao ª7. O ª3 do morto, ªV de Este e o ª4 do declarante. Este continuou com a ªD, ganha pelo ªA do declarante. Nestas manobras, sairam 8 cartas no naipe e mais 4 estão visíveis - 3 em Oeste e 1 no morto. Falta, portanto, apenas 1 carta. Quando ganhar a mão no §A, Oeste está em condições de realizar mais 3 vazas para o seu campo.

Vamos complicar o problema. Suponha que tudo decorre da mesma forma, até à altura em que Este joga a ªD. Só que, desta vez, o declarante joga o ª5. Que deve fazer Oeste? Se deixar a ªD ganhar a vaza, fica apenas o ªA de fora, por certo na mão do declarante. Só que Este não tem mais espadas pelo que não pode continuar no naipe. Quando Oeste fizer o §A será tarde para jogar espadas. O naipe fica apurado mas foi-se a entrada na mão. A solução é cobrir a ªD com o ªR e continuar no naipe, enquanto tem o §A.

ª R10872
©
D63
¨ 63
§
A42 

 

O parceiro do jogador que sai que, de agora em diante, designaremos por jogador nº3, desempenha um papel importante nesta tarefa:
  A4   A saída ao «V» é a cabeça de uma sequência de cartas equivalentes. Qaulquer que seja a carta que o declarante mande jogar do morto, Este tem de desbloquear uma das suas figuras. O «6» é uma carta fundamental para comunicar com o parceiro. Se o declarante jogar pequena do morto, Este ganha a vaza com uma das honras e joga a outra honra debaixo do «A», para não bloquear o naipe.

V

¨ RD6

  R42   Saída à 4ª carta do naipe mais comprido, sem sequência de cartas equivalentes. Este tem de jogar o «V»! Não só porque, em vez de ter de gastar uma honra para fazer a vaza, ao declarante bastará o «9» ou o «10», como ainda perde um tempo importante no apuramento do naipe.

5

¨ V86

A arte de bem baldar
Baldar uma carta significa não assistir ao naipe que está a ser jogado. Mas a balda não pode ser feita ... "à balda".
  ARD2  

  ARD2  

  ARD2  
V93 ¨ 1084 V983 ¨ 104 V10 ¨ 9843
  765     765     765  
O declarante tem 3 vazas certas e 1 vaza de comprimento, porque tem 7 cartas em linha e o resíduo é 3-3 O declarante tem 3 vazas certas e nenhuma vaza de comprimento, porque tem 7 cartas em linha e o resíduo é-lhe desfavorável (4-2)  O declarante tem 3 vazas certas e nenhuma vaza de comprimento, porque tem 7 cartas em linha e o resíduo é-lhe desfavorável (2-4) 

No diagrama acima, apenas no 1º caso o declarante consegue fazer 3 vazas com as cartas mestres e 1 vaza de comprimento, o «2». Nos restantes casos, o resíduo nos adversários é-lhe desfavorável, uma vez que o naipe está 4-2 e a 4ª carta da mão comprida do declarante é superior ao «2». A menos que, o defensor com 4 cartas, balde uma delas!

Desde que um naipe comprido seja visível no morto, o defensor com um número de cartas igual ou superior, deverá manter um número de cartas no naipe, pelo menos, igual ao número de cartas do morto. Caso tenha de baldar, o defensor, nestas condições, terá de baldar uma carta de outro naipe.
Os pontos de comprimento - correcção à avaliação da força
Já vimos a importância das pequenas cartas em naipes compridos, em contratos de ST. Ora, se os pontos honra pretendem ser um indicador importante na capacidade de uma determinada mão fazer vazas, na fase de avaliação não podemos ignorar o potencial dos naipes compridos. Surgem, desta forma, os PONTOS DE COMPRIMENTO (L).

A um naipe de 5 ou mais cartas, um jogador deve atribuir 1 ponto L por cada carta a partir da 5ª.

ªA7
©
R83
¨RV94
§
R1075 
  ªA7
©
R83
¨RV943
§
R107
No 1º caso, com 14 pontos honra não pode abrir em 1ST. No entanto, no 2º caso, a existência de um naipe de 5 cartas vem juntar 1 ponto de comprimento ao potencial do seu jogo. Neste caso, com 15HL, pode e deve abrir em 1ST

Esta avaliação é válida para a abertura e para a resposta à abertura:
ªR43
©
D62
¨D32
§
V932 
  ªR43
©
D62
¨432
§
DV1032
O parceiro abriu em 1ST. No 1º caso, com 8 pontos honra, o respondente deve passar, já que são muito remotas as hipóteses de haver partida. No entanto, no 2º caso, a força do respondente é agora de 9HL, pelo que está em posição de convite. Deve marcar 2ST.

Altura, então, para reformular as aberturas em ST:

- 1ST = 15 - 17HL (pontos-honra + pontos comprimento)
-
2ST = 20 - 22HL (pontos-honra + pontos comprimento)

O esquema de respostas não é alterado, só que se consideram também os pontos de comprimento para a avaliação da força da mão.


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