Manual de Iniciação ao Bridge

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Capítulo V - O trunfo; Carteio em trunfo; Leilão



A descoberta do trunfo
Tal como muitos outros jogos de cartas, no bridge confere-se, por vezes, poderes especiais a determinado naipe - o trunfo. A escolha do naipe de trunfo é feita pelos próprios jogadores do campo, durante o leilão.
No jogo de ST, apenas se pode ganhar uma vaza com uma carta mais alta do naipe que está a ser jogado.
  ªR
©
RV98
¨D982
§
AD62
  Com as ferramentas de leilão de que dispúnhamos, até agora, a linha Norte-Sul, com um total de 35HL, iria marcar um contrato de 6ST. Com a saída natural ao ªV, a defesa iria realizar as primeiras 7 vazas. Seria injusto que, mercê de factores alheios aos jogadores, estes estivessem condenados a insucessos desta natureza. A solução para estancar esta hemorragia, está em conferir a um determinado naipe, escolhido pelo campo, o poder de ganhar a vaza, cortando, sempre que não tenha cartas para assistir no naipe que está a ser jogado. Claro que este poder funciona para o campo do declarante mas, também, para o campo defensivo.
O naipe com estes poderes chama-se
TRUNFO.
Neste nosso exemplo, se esse poder fosse conferido ao naipe de copas, a linha Norte-Sul poderia realizar as suas 12 vazas, cedendo apenas 1 vaza em espadas, em vez das 7 concedidas no contrato em ST.
ªV1098642
©
2
¨1076
§
43
  ªA753
©
43
¨V53
§
V1098
  ªD
©
AD10765
¨AR
§
R75
 

Trunfo é um naipe escolhido pelo campo do declarante que tem o poder de cortar e ganhar uma vaza, sempre que não existam cartas para assistir ao naipe que está a ser jogado.

Uma nota para dizer que o naipe de trunfo obedece a todas as regras existentes para os restantes naipes - obrigatoriedade de assistir e hierarquia das cartas.

O corte
Cortar é jogar uma carta do naipe escolhido para trunfo, tendo a possibilidade de ganhar a vaza, quando não se tem cartas para assistir ao naipe que está a ser jogado.
  ª9863
©
RDV9
¨R
§
A875
  Através de mecanismos que estudaremos a seguir, a linha Norte-Sul atingiu um contrato de 6ª, isto é, um contrato de nível 6 (pequeno cheleme) com o trunfo espadas. A saída foi à ¨D e, ao contrário de um contrato em ST, em que o flanco faria as 5 primeiras vazas, o declarante pode cortar a continuação a oiros com uma espada do morto. Suponha agora que o declarante decide continuar com §A e outro pau. Agora "volta-se o feitiço contra o feiticeiro", sendo Oeste a cortar a 2ª vaza de paus. Da mesma forma que assistir é um dever que obriga os 4 jogadores, cortar é um direito que, igualmente, lhes assiste. Outra noção importante é que um jogador não é obrigado a cortar uma vaza, não tendo carta para assistir.
Então, o que teria de ser feito no nosso exemplo para evitar o corte de Oeste em paus? A solução era destrunfar, ou seja, jogar o naipe de trunfo o número de vezes necessário para eliminar os trunfos dos adversários. No nosso caso, bastaria jogar 2 vezes o naipe de trunfo.
ª107
©
65432
¨DV1098
§
2
  ª2
©
V76
¨A7542
§
9643
  ªARDV54
©
A
¨62
§
RDV10
 

  ªD
©
9764
¨AV2
§
RDV87
  Sul joga o contrato de 6©. Oeste saiu ao ªA e continuou com o ªR. O declarante cortou no morto, mas foi recortado por Este.
Recortar significa utilizar um trunfo mais alto que o do adversário que o antecedeu se não possuir cartas do naipe originalmente jogado para a vaza. Tal como no caso do corte, nenhum jogador é obrigado a recortar uma carta cortada por um adversário podendo, em alternativa, baldar uma carta de outro naipe não podendo, no entanto, ganhar a vaza.
ªAR5432
©
8
¨7643
§
62
  ªV
©
1053
¨D1098
§
109543
  ª109876
©
ARDV2
¨R5
§
A
 

Um novo procedimento para determinar o contrato final
Nas situações analisadas no início deste capítulo, vimos a necessidade de evitar jogar contratos de ST em determinadas mãos. É, por isso, necessário criar os mecanismos para a escolha do tipo de contrato a jogar e, caso se opte por um contrato trunfado, de como escolher o naipe de trunfo. Dadas as características do trunfo, é óbvio que no naipe eleito o campo do declarante possua, nitidamente, mais cartas que o campo defensivo. Regra geral, um naipe com, no mínimo, 8 cartas entre as duas mãos do campo tem condições para ser designado trunfo. Significa isto que, para além da força da mão o leilão tem também de transmitir informações sobre a distribuição.
Tal como aconteceu, nos primeiros capítulos, para o leilão de ST, vamos começar com um leilão simplificado. Nas aulas práticas, aos alunos serão fornecidos uns pequenos papéis onde, após a abertura do parceiro, eles vão escrever o número de pontos e a distribuição das cartas pelos diferentes naipes. O formato será qualquer coisa como:
Aqui regista o número de cartas em cada naipe  
ª:
©
:
¨:
§
:
 
  Aqui regista o número de pontos honra

Depois de preenchido, o papel é entregue ao abridor e este irá decidir o contrato final escolhendo, se for caso disso, o naipe de trunfo. Tal como nos contratos de ST, o contrato final é resultado da força combinada dos 2 jogos, tendo por referência a Tabela de Decisão. Mas agora existe um novo dado para avaliação.
Para os contratos que serão jogados em trunfo, existe agora a capacidade de realizar vazas em corte, com pequenas cartas. Nascem, assim, os PONTOS DE DISTRIBUIÇÃO.

PONTOS DE DISTRIBUIÇÃO (D)

(noutros naipes que não o naipe de trunfo) 
 Doubleton ( 2 cartas num naipe)  1D
 Singleton ( 1 cartas num naipe)  2D
 Chicana (0 cartas num naipe)  3D

(no naipe de trunfo) 
 Pela 9ª carta de trunfo no campo  2D
 Por cada carta de trunfo acima da 9ª  1D

Algumas notas de destaque se impõem, nesta altura:
Os pontos de distribuição são contabilizados, A PARTIR DO MOMENTO EM QUE FOI DESCOBERTO O FIT.
Até lá, aos naipes compridos (5 ou mais cartas) são atribuídos pontos de comprimento, mas não pontos de distribuição, que pretendem medir a capacidade de um campo realizar vazas por corte. Mas, para isso, é necessário que o contrato final seja trunfado, logo que exista fit !
 

No procedimento para a escolha do naipe de trunfo, a qualidade do naipe não serve de critério. A questão é muito simples: há fit = joga-se em trunfo, não há fit = joga-se em ST.

Pode acontecer que, num determinado jogo, um campo possua mais do que um naipe em condições de ser escolhido para trunfo. Para além do número de cartas, vai utilizar-se outro critério, que se prende com questões de estratégia, atendendo às diferentes pontuações atribuídas às vazas realizadas em contratos em que o trunfo é um dos naipes ricos (copas ou espadas) ou em naipes pobres (paus e oiros)


A escolha do trunfo
Na altura de escolher o naipe de trunfo, o campo do declarante deve eleger um naipe em que detenha mais cartas que o campo da defesa. Sendo certo que havendo 7 cartas em linha, num determinado naipe, sobram apenas 6 cartas para o campo adversário, esta vantagem é tão reduzida que, tirando situações muito especiais, a escolha de um contrato trunfado não oferece grandes vantagens. Desta forma, considera-se que existe fit sempre que um campo tem, pelo menos, 8 cartas em linha.

Para a escolha do trunfo, o número de cartas em linha não é, no entanto, o único factor a considerar. Com efeito, por questões de estratégia, relacionadas com a pontuação obtida para cada tipo de contrato, as vazas realizadas com trunfo em espadas ou em copas são mais valorizadas que as realizadas com trunfo em paus ou em oiros. Surge assim a noção de NAIPES RICOS (ª e ©) e NAIPES POBRES (§ e ¨).



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