Manual de Iniciação ao Bridge

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Capítulo V - O trunfo; Carteio em trunfo; Leilão



Pontuação e Tabela de Decisão para contratos em naipes ricos
Quando o contrato marcado é cumprido, a cada nível de contrato são atribuídos 30 pontos. Tal como nos contratos em ST, o prémio de partida é atribuído sempre que a pontuação obtida seja igual ou superior a 100 pontos. Logo, para contratos com o trunfo em copas ou em espadas será necessário marcar e cumprir um contrato de nível 4 para chegar a esse valor. Aos contratos de nível mais baixo, quando cumpridos, é atribuída a bonificação para contratos parciais. Ficamos, assim, com a seguinte tabela de decisão:

TABELA DE DECISÃO
NÚMERO DE PONTOS CONTRATO PONTUAÇÃO
37 a 40 7ª/7© (13 vazas) 1510 = (30x7)+300+1000
33 a 36 6ª/6© (12 vazas) 980 = (30x6)+300+500
30 a 32 5ª/5© (11 vazas) 450 = (30x5)+300
27 a 29 4ª/4© (10 vazas) 420 = (30x4)+300
25 a 26 3ª/3© (9 vazas) 140 = (30x3)+50
23 a 24 2ª/2© (8 vazas) 110 = (30x2)+50
20 a 22 1ª/1© (7 vazas) 80 = (30+50)

Comparando esta tabela com a referente aos contratos de ST, ressalta a diferença entre o número de vazas que o declarante tem de prometer e realizar para obter o prémio de partida - 9 vazas para contratos em ST, 10 vazas para contratos trunfados, em copas ou espadas. Por outro lado, de acordo com a Tabela de Decisão, são necessários 25 pontos para um contrato de 9 vazas e 27 para um contrato de 10 vazas. Uma leitura precipitada destes números pode levar-nos a concluir que se devem privilegiar os contratos de ST aos contratos trunfados, por ser mais fácil obter a bonificação de partida. Nada de mais errado !
Em primeiro lugar, há que recordar a natureza dos pontos: para contratos em ST contam-se pontos de honra e, eventualmente, pontos de comprimento, para contratos em trunfo contabilizam-se, também, pontos de distribuição. Acontece com frequência que, existindo fit, muitas mãos atingem os 27DH sem ter 25H. Por outro lado, é mais fácil realizar vazas em trunfo do que em ST, da mesma forma que é mais fácil impedir que os adversários desenvolvam vazas em naipes compridos.

Do exposto, podemos concluir que a descoberta de um fit em naipe rico é uma prioridade do leilão.

Pontuação e Tabela de Decisão para contratos em naipes pobres
Quando o contrato marcado é cumprido, a cada nível de contrato são atribuídos 20 pontos. Tal como nos outros contratos, o prémio de partida é atribuído sempre que a pontuação obtida seja igual ou superior a 100 pontos. Logo, para contratos com o trunfo em paus ou em oiros será necessário marcar e cumprir um contrato de nível 5 para chegar a esse valor. Aos contratos de nível mais baixo, quando cumpridos, é atribuída a bonificação para contratos parciais. Ficamos, assim, com a seguinte tabela de decisão:

TABELA DE DECISÃO
NÚMERO DE PONTOS CONTRATO PONTUAÇÃO
37 a 40 7¨/7§ (13 vazas) 1440 = (20x7)+300+1000
33 a 36 6¨/6§ (12 vazas) 920 = (20x6)+300+500
30 a 32 5¨/5§ (11 vazas) 400 = (20x5)+300
27 a 29 4¨/4§ (10 vazas) 130 = (20x4)+50
25 a 26 3¨/3§ (9 vazas) 110 = (20x3)+50
23 a 24 2¨/2§ (8 vazas) 90 = (20x2)+50
20 a 22 1¨/1§ (7 vazas) 70 = (20+50)

Comparando esta tabela com as referentes aos contratos ST e em naipes ricos, o balanço é altamente desfavorável aos contratos em pobres - 11 vazas para obter a bonificação de partida contra 9 e 10, respectivamente.

TABELA COMPARATIVA: CONTRATO EM RICO vs CONTRATO EM POBRE

 FORÇA DO CAMPO

CONTRATO EM RICO

CONTRATO EM POBRE
 CONTRATO  PONTUAÇÃO  CONTRATO PONTUAÇÃO 
37 a 40 7ª/7© (13 vazas) 1510 7¨/7§ (13 vazas) 1440
33 a 36 6ª/6© (12 vazas) 980 6¨/6§ (12 vazas) 920
30 a 32 5ª/5© (11 vazas) 450 5¨/5§ (11 vazas) 400
27 a 29 4ª/4© (10 vazas) 420 4¨/4§ (10 vazas) 130
25 a 26 3ª/3© (9 vazas) 140 3¨/3§ (9 vazas) 110
23 a 24 2ª/2© (8 vazas) 110 2¨/2§ (8 vazas) 90
20 a 22 1ª/1© (7 vazas) 80 1¨/1§ (7 vazas) 70

  ªA962
©
3
¨R986
§
DV94
  Sul abre e Norte transmite as informações referentes ao seu jogo:
ª: 4
©
: 1
¨: 4
§
: 4
 10 pontos

antes do aparecimento do trunfo, com 24HL no campo, Sul declarava o contrato de 2ST. Oeste saía ao
©R e o declarante contava 5 vazas certas. Para cumprir o contrato necessitava de apurar vazas em paus mas, a ausência de controlo no naipe (o «A»), permitiria à defesa derrotar o contrato - 5 copas e 1 pau. Agora, com 9 cartas de paus no campo, a escolha do naipe para trunfo irá permitir ao campo NS realizar 12 vazas, concedendo apenas o §A.
ª96
©
RDV965
¨V73
§
A5
  ª108543
©
1087
¨54
§
73
  ª7
©
A42
¨AD102
§
R10862
 

Do que foi dito resulta que a escolha de contratos trunfados em naipes pobres é um último recurso. Como regra geral, para marcar um contrato em naipe pobre é necessário que:
- o número de pontos honra seja insuficiente para marcar uma partida em ST
- existam, no mínimo, 9 cartas de trunfo no campo.

A escolha do contrato - prioridades
Para determinar o contrato final o abridor utiliza:
- a informação recebida do parceiro (papel com a força e a distribuição)
- a Tabela de Decisão e as tabelas de pontuação para cada tipo de contrato
- conhecimento do poder do trunfo, que permite, graças ao corte, realizar um maior número de vazas.
Esta última ferramenta deve conduzir à designação de um contrato trunfado, desde que exista um fit. No entanto, as consequências resultantes da tabela de pontuação, obrigam a que se encontrem respostas para uma série de questões, antes de decidir a natureza do contrato. Vamos recapitular os passos a seguir:

O campo possui, no mínimo, 25HL
- Marcar 4
ª/4©, desde que tenha fit (8 ou mais cartas no naipe) e um mínimo de 27HLD.
- Caso não exista fit em naipe rico, marcar 3ST.

O campo possui menos de 25HL ?
- Marcar um contrato parcial em
ª ou ©, desde que tenha fit (8 ou mais cartas no naipe).
- Marcar um contrato parcial em
¨ ou §, desde que tenha fit (9 ou mais cartas no naipe).
- Marcar um contrato parcial em ST

No caso do abridor concluir que o seu campo tem menos de 20 pontos em linha, o campo adversário é maioritário e, como tal, compete-lhe decidir qual o contrato final. Assim, após análise da informação fornecida pelo parceiro, o abridor ao verificar esta situação declara «Eu passo». O jogador à direita do abridor transmite as informações relevantes sobre o seu jogo ao parceiro e este, sentado à esquerda do abridor, após consultar a Tabela de Decisão, anuncia o contrato final.

Complementos sobre a técnica do corte
Uma das vantagens dos contratos trunfados é a possibilidade de realizar vazas em corte:
  ª8
©
94
¨-
§
2
  Sul joga um contrato em ST. Oeste está em mão a 4 vazas do fim e joga o ªV. Este ganha a vaza com o ªA, tira o §10 e joga oiros. O campo EO realiza as 4 últimas vazas.
Suponha agora que Sul está a jogar um contrato em copas. Oeste ataca com o
ªV, Este ganha a vaza com o ªA e joga o §10. Sul pode agora cortar da sua mão e jogar uma espada para cortar no morto, realizando 3 das 4 útimas vazas.
Mas, atenção:
Os poderes do trunfo são válidos para os 2 campos. Se o declarante mandar cortar a espada com o
©4, Este estará em condições de recortar com o ©5, ganhando a vaza para o seu campo.
ªV10
©
-
¨R10
§
-

 

ªA
©
5
¨8
§
10
  ª94
©
86
¨-
§
-
 

Algumas vezes o declarante deverá manobrar de forma a preservar o controlo da situação:
ªARD
©
RV105
¨D96
§
V63
Sul joga um contrato de 6© e recebe a saída ao §10. Graças à existência do §A, o declarante pode ganhar a vaza de saída, ou seja, tem um controlo de 1ª no naipe que está a ser jogado. Mas, uma vez jogada a carta, fica com 2 pequenas cartas em cada uma das mãos, ou seja, não controla mais o naipe. Como também não tem controlo de 1ª no naipe de trunfo, se ceder a mão a um adversário o contrato estará condenado, uma vez que a defesa irá realizar mais 2 vazas em paus. Então, antes de destrunfar, há que tentar recuperar o controlo no naipe problema - paus. Para tal, antes de tirar trunfos, precisa de jogar 3 voltas de espadas, baldando 2 paus perdentes da mão. Recuperado o controlo em paus é, finalmente, tempo de destrunfar e reclamar o contrato, cedendo apenas 1 vaza para o ©A.
Esta manobra só é possível de realizar num contrato trunfado!
 
ªV
©
D97642
¨ARV
§
A42

ªRV9
©
RDV
¨A84
§
AR72
Sul joga um contrato de 6ª e recebe a saída à §D. Em paus, o declarante tem 2 controlos mas, ainda assim, uma vaza perdente. Com 1 perdente certa a copas, Sul terá de baldar a perdente em paus numa das honras de copas, em Norte, que terá, entretanto de apurar. Em contraste com o exemplo anterior, o facto de ter 2 controlos em paus, possibilita que o carteador ganhe a vaza de saída, destrunfe e, só depois, se lance no apuramento do naipe de copas para baldar o pau perdente. Para uma melhor compreensão do carteio, vamos analisar a técnica em pormenor:
1 - Ganha a vaza de saída com 1 das figuras de paus do morto
2 - Tira os trunfos dos adversários. Para tal necessitará de jogar o naipe tantas vezes quanto o número de cartasde espadas na mão mais comprida da defesa (faltando 5 cartas, a distribuição mais normal é 3-2 pelo que tem de tirar 3 voltas de trunfo, no mínimo).
3 - Joga copas.
4 - Quando um dos adversários fizer o
©A, irá atacar paus. Ganha a vaza no morto e na 3ª volta de copas balda o pau perdente da mão.
5 - Resta-lhe reclamar o resto das vazas
 
ªAD1082
©
72
¨RD6
§
653

Controlar um naipe significa ter capacidade para impedir o adversário de aí realizar 1 vaza, das seguintes formas:
Com honras, desde que estas sejam mais altas que as do campo adversário;
Por corte, desde que não tenha cartas para assistir ao naipe que está a ser jogado.



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