As
vazas de corte da defesa
A defesa
não pode ambicionar a realizar vazas de comprimento no
naipe de trunfo, a menos que os adversários se tenham
enganado no leilão. No entanto, não se deve subestimar
o poder dos trunfos para a defesa. A realização
de vazas defensivas em corte depende da existência de um
naipe curto e da rapidez do flanco já que, na primeira
oportunidade, o declarante irá destrunfar.
Para um defensor, a conjugação ideal dos dois factores
é poder sair a um singleton, colocando uma enorme pressão
sobre o declarante, desde a primeira vaza.
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ªAD52
©1043
¨A73
§942 |
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Sul joga 4ª e Oeste saiu ao seu singleton a copas. Este
ganhou a vaza e continuou com o ©4
para o corte do parceiro que continuou com um pau para o §A e outra copa cortada. Resultado: 1 cabide!
Tivesse Oeste começado com o ¨V
e o declarante não teria tido dificuldade em cumprir o
seu contrato.
Embora, no nosso exemplo, com o ¨A
à vista, o ataque a paus, depois do primeiro corte, fosse
evidente, as coisas nem sempre se passam com tanta facilidade.
Nestes casos é importante uma estreita cooperação
entre os defensores: a carta de Este, na 2ª vaza, não
deve ser inocente. Antes deve indicar a possível reentrada
na mão para um novo ataque ao naipe de corte. No nosso
caso, a escolha do ataque seria entre paus e oiros. Jogando a
carta mais baixa de copas, Este sugere o ataque ao naipe de ranking
mais baixo, paus. Caso o naipe a atacar fosse oiros, Este daria
o corte ao parceiro com uma carta alta de copas. |
ª874
©2
¨V10953
§V1076 |
|
ª10
©A9654
¨D76
§A972 |
|
ªRV976
©RDV2
¨R4
§RD |
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Se
a saída a um naipe curto for acompanhada de um controlo
a trunfo - o Ás ou o Rei terceiro - a sua eficácia
é ainda melhor: ao destrunfar, o declarante vai ter de
ceder novamente a iniciativa de jogo à defesa.
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ªRD5
©DV43
¨9752
§A10 |
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Sul joga 4© e Oeste saiu ao seu singleton a oiros. Este
joga a ¨D e o declarante ganha a vaza
com o ¨A. Se o declarante desconfiar
do corte pode recusar a passagem ao ©R,
jogando ©A e outra copa. Oeste ganha
com o ©R e comunica em espadas com
o parceiro que, depois de fazer o ¨R,
lhe dá um corte no naipe. Resultado, 4 vazas para a defesa
e um cabide. Uma vez mais, com a saída possível
mas pouco "agressiva" a espadas, o declarante ganha
um tempo precioso para evitar o cortea oiros e assim cumprir
o contrato.
Este jogo do "gato e do rato" entre defesa e declarante
é, com efeito, uma verdadeira corrida: seja pelo apuramento
de vazas de comprimento em contratos de ST, seja pelo controlo
do jogo nos contratos trunfados. |
ªV10984
©R84
¨3
§V872 |
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ªA72
©5
¨RD864
§6543 |
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ª63
©A10972
¨AV10
§RD9 |
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Da mesma forma que o corte com a mão comprida a trunfo
não acrescenta, regra geral, vazas ao campo do declarante,
também o corte com vazas de trunfo certas (na gíria,
chama-se "cortar com o sangue"), pouco ou nada adianta
ao campo da defesa, quando não é mesmo negativo
para os seus interesses.
ªDV10
©RD104
¨5
§V8764 |
A
jogar contra um contrato em espadas, a saída a oiros não
só não tem qualquer interesse, uma vez que um eventual
corte será feito com uma vaza natural de trunfo, como
pode ser fatal para os interesses da defesa, que perde um tempo
para libertar vazas a copas. |
Impedir o declarante de cortar
Para
além da capacidade do flanco de realizar vazas de corte,
outro aspecto importante da técnica defensiva consiste
em utilizar os trunfos para impedir o declarante de realizar
cortes com a mão curta em trunfo:
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ªR3
©872
¨V863
§AD52 |
|
Sul joga 4© e Oeste saiu ao ªV.
ªR do morto e ªA de Este que, pela carta de saída,
sabe que o declarante tem a ªD
e que, portanto, está em condições de utilizar
um ou mais trunfos do morto para cobrir as perdentes em espadas.
O ataque a trunfo é, à vista do morto e do que
se conhece das mãos fechadas, o mais atractivo para a
defesa. No nosso caso, Oeste estará em condições
de eliminar todos os trunfos do morto, impedindo o corte em espadas
e, assim, derrotando o contrato.
Tivesse Este continuado, preguiçosamente, em espadas e
o declarante estaria em condições de cumprir o
seu contrato: 1 espada, 3 copas da mão, 2 oiros, 3 paus
e 1 corte em espadas na mão curta. |
ªV1094
©AD3
¨74
§10864 |
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ªA865
©65
¨D10952
§V9 |
|
ªD72
©RV1094
¨AR
§R73 |
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As
saídas contra contratos trunfados
Para
além da saída ao singleton, já discutida,
outras importantes diferenças existem entre as saídas
contra contratos trunfados e em ST. A primeira e mais evidente
é a saída a naipes compridos: em ST é a
saída mais comum, que tem por objectivo o apuramento de
vazas de comprimento. Com o aparecimento do trunfo, este objectivo
deixa de fazer sentido.
As vazas defensivas em contratos trunfados vêm, principalmente,
de cortes, de apuramento de honras secundárias e de cartas
mestres.
Cartas
mestres e honras rapidamente apuráveis
ARD3 |
RDV2 |
DV102 |
V1093 |
AR83 |
RD82 |
DV82 |
V1032 |
RD2 |
DV32 |
Dos exemplos
acima se conclui que, ao contrário do que se passa em
ST, para uma sequência de honras bastam 2 cartas equivalentes.
Saídas
a evitar
Convenhamos
que situações como as descritas anteriormente não
são assim tão vulgares. Na maioria das situações
não existe uma saída clara, ao contrário
dos contratos em ST em que bastava procurar o naipe mais comprido...
A escolha faz-se, em muitos casos, por exclusão de partes:
não havendo uma saída evidente, o jogador deve
orientar o seu raciocínio de maneira inversa, ou seja,
eliminando as saídas perigosas.
Saída
a naipe com uma honra isolada
Em ST,
a saída a um naipe comprido com uma honra isolada é
apetecível: para além do papel que a honra possa
vir a desempenhar, o objectivo principal é apurar vazas
de comprimento:
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ª73 |
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A saída a espadas,
contra um contrato em ST, apesar de "oferecer" uma
vaza ao declarante que, de outra forma não conseguiria
fazer a ªD, dá à defesa
um tempo importante para o apuramento do naipe. E se, no resultado
final, a cedência de uma vaza contribuir para o apuramento
de 3 vazas de comprimento, foi um bom negócio.
Em contrapartida, a saída a espadas contra um contrato
trunfado, oferece não uma mas duas vazas ao declarante:
a ªD e um corte a espadas no morto. |
ªR9642 |
¨ |
ªV108 |
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ªAD5 |
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Obviamente, em contratos trunfados está excluída a saída debaixo
de Ás! Para além de todos os riscos descritos anteriormente,
há ainda a hipótese de "voar" a vaza
defensiva:
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ª3 |
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Sendo uma saída
apropriada em ST, a saída a espadas debaixo do ªA, contra um contrato trunfado é desastrosa.
Não só o declarante elimina a sua perdente no naipe,
como ganha um tempo na tarefa de abrir o corte no morto. |
ªA9642 |
¨ |
ªD108 |
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ªRV75 |
|
Outra saída perigosa é a naipes com 2 honras não
equivalentes:
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ªA65 |
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Uma vez mais, uma saída
a espadas aconselhável em ST e perigosa em trunfo. Em
ST, apesar de dar uma vaza, a manobra pode garantir duas vazas
de comprimento para a defesa. Em trunfo, "voa" a vaza
defensiva no naipe, sem qualquer ganho lateral. |
ªRV42 |
¨ |
ª10873 |
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ªD9 |
|
A saída
a trunfo
Sendo
uma saída possível, não deixa de apresentar
os seus perigos, uma vez que pode dar um tempo precioso ao declarante,
nomeadamente no apuramento de um naipe lateral, antes da defesa
conseguir libertar as suas vazas. É certo que a saída
a trunfo pode dificultar a vida ao declarante, sempre que o seu
plano de jogo seja efectuar cortes com a mão curta a trunfo.
Podemos minorar os riscos, obedecendo a alguns critérios:
sempre que, pelo leilão, se possa deduzir que os cortes
são uma fonte de vazas para o declarante e por exclusão
de partes, isto é, quando nenhuma outra saída seja
atractiva.
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ª83
©A72
¨V8762
§V85 |
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Sul joga 4© , depois de um apoio simples de Norte à
abertura de 1©. A saída paus é
neutra para a defesa mas não para o declarante que, com
9 vazas certas, não terá dificuldade em encontrar
a 10ª vaza num corte a espadas no morto. A saída
a trunfo é, neste caso, a melhor saída: honras
nos naipes laterais, uma mão de força limitada
em Norte e um teor no naipe de trunfo com reduzidas probabilidades
de dar uma vaza ao declarante. |
ªAV94
©863
¨R4
§10964 |
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ªR1065
©V5
¨D1095
§732 |
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ªD72
©RD1094
¨A3
§ARD |
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Agora que
a saída trunfo passou a ser uma hipótese frequente
nas opções defensivas, convirá referir,
para refrear os ânimos, que não deve sair a trunfo com uma única
carta no naipe. Isto porque, na grande maioria das situações,
esta é a melhor forma de resolver um problema...ao declarante:
o da má distribuição dos trunfos na defesa!
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ªD952 |
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Na maioria dos casos,
um declarante entregue à sua sorte, irá perder
duas vaza a trunfo, sempre que resolver bater o ªA. Com a saída a trunfo, uma das potenciais
vazas de Este "voou". |
ª4 |
¨ |
ªRV7 |
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ªA10863 |
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